Afinal, por que se fala tanto na tal da taxa SELIC? 

Flávio Fernandes, CEA
Flávio Fernandes, CEA
October 2024
4min

A taxa básica de juros, conhecida carinhosamente por SELIC, é uma ferramenta utilizada pelo Banco Central do Brasil (BCB) para manter a inflação dentro da meta em nosso país e, consequentemente, a estabilidade da moeda. Quem decide qual será a meta de inflação é o CMN – Conselho Monetário Nacional, que é formado pelo Ministro da Fazenda, do Planejamento e pelo Presidente do BCB. Existem dois tipos de SELIC – a SELIC meta e a SELIC over. A primeira é referência direta para a política monetária, enquanto a segunda é uma média de taxa de juros praticada entre bancos. Aqui trataremos apenas da SELIC meta.

O aumento ou a redução da SELIC é considerada uma ferramenta de política monetária e é utilizada pelo BCB para restringir ou expandir a economia interna. Os responsáveis por gerenciar aumentos, manutenções ou reduções da SELIC são os integrantes do Comitê de Polícia Monetária, o COPOM.

De forma resumida: se há um aumento na expectativa de inflação (IPCA – medida pelo IBGE), o BCB, por meio da reunião do COPOM, promove o aumento da taxa SELIC visando controlar a inflação e mantê-la dentro da meta. Poderá também ocorrer a redução da taxa SELIC nos casos em que houver a necessidade de estímulo à economia, como por exemplo nos casos em que houver uma queda de inflação acompanhada da necessidade de estímulos monetários para a retomada do crescimento econômico.

Assim, nas reuniões do COPOM, que acontecem a cada quarenta e cinco dias, haverá discussão e análise técnica quantitativa e qualitativa pelos diretores do Banco Central de dados macro e microeconômicos passados, bem como projeções futuras de mercados, com o escopo de que seja decidida quais serão os próximos passos da política monetária nacional:

a) De manutenção da política monetária, quando necessário maiores ações e dados para se decidir pela redução ou aumento da taxa de juros;

b) De afrouxamento monetário, visando estimular o crescimento econômico; e

c) De aperto monetário, visando desestimular o crescimento econômico.

Acrescenta-se que os resultados advindos das políticas monetárias tendem a ser vistos no mundo real em torno de seis a dezoito meses após as decisões do COPOM.

Tipos de Política Monetária relacionadas à SELIC:

Antes de iniciar esse tópico, faz-se de extrema importância ressaltar que existem outros tipos de políticas monetárias, como as políticas de depósitos compulsórios ou de open market. Contudo, iremos aqui nos ater aos resultados que virão das decisões de políticas monetárias utilizando a taxa básica de juros: 

- Restritiva/Contracionista: Aqui a decisão será pelo aumento da SELIC, que recebe essa classificação pelo fato de que com o aumento da taxa básica de juros, nosso dinheiro ficará mais caro e mais restrito – aqui cabe a lei da oferta e demanda: quanto mais escasso o produto, maior o seu valor no mercado. Essa decisão terá por escopo desestimular a economia interna para que a inflação seja controlada e convirja à meta. Se controlada, existirá espaço para que o BCB, após

reunião do COPOM, comece a reduzir a taxa SELIC com vistas a promover novos estímulos à economia interna;

- Expansiva/Expansionista: é o inverso da anterior, ou seja, o COPOM optará pela diminuição da taxa SELIC com o intuito de estimular/expandir a economia interna, uma vez que o dinheiro ficará mais barato e haverá, por exemplo, mais consumo. Aqui também citamos a lei da oferta e demanda, porém no sentido contrário à da política restritiva – quanto mais excessiva a quantia de um mesmo produto no mercado, mais barato ele será. Aqui cabe um alerta: um consumo excessivo poderá ensejar a um aumento de inflação e, nesse momento, o BCB, após reunião do COPOM, poderá rever essa política monetária e aumentar a taxa de juros para conter a inflação e deixá-la dentro da meta estipulada pelo CNM.

Denota-se, portanto, que essas políticas monetárias expansiva e restritiva são fases que sempre irão se renovar de acordo com o atual momento da economia interna e da inflação (expectativa de aumento de inflação = aumento da taxa SELIC = política monetária restritiva; redução da expectativa de inflação = redução da taxa SELIC = política monetária expansiva). 

SELIC e os Investimentos: 

A taxa SELIC é utilizada como um indexador a alguns produtos de investimento de renda fixa, sendo o mais conhecido o Tesouro SELIC (chamado tecnicamente de “LFT”). 

Com um aumento da SELIC, os ativos a ela indexados tenderão a render mais, o que os tornarão mais atrativos. Nesses casos, os investidores se inclinarão mais aos produtos de renda fixa indexados à SELIC. Afinal, investir em um ativo, por exemplo, do Tesouro Direto atrelado à SELIC, que apresenta o menor risco do mercado, tende a trazer mais tranquilidade ao investidor do que tomar riscos em períodos restritivos da economia. O aumento da SELIC e a decisão por uma política monetária restritiva poderá afetar as ações negociadas em Bolsa de Valores, uma vez que haverá maior risco nesse tipo de investimento, principalmente de empresas ligadas ao varejo/consumo. 

Como também já citado no decorrer deste artigo, o dinheiro ficará mais caro durante políticas monetárias restritivas e as empresas como um todo (não só as negociadas em Bolsa) ficarão mais receosas de tomar crédito nesse período, fato que afeta diretamente a economia interna, porque o crescimento econômico ficará prejudicado.

Já em períodos de SELIC baixa, os investidores buscam um pouco mais (aliás, alguns buscam MUITO mais) por risco, já que este é uma característica que tende a trazer mais retorno. Sim, quanto maior o risco, maior tende a ser o retorno (mas não se esqueça que o prejuízo pode fugir do controle). Os produtos de renda fixa negociados no mercado em tempos de SELIC baixa não serão mais tão atrativos e os investidores buscarão por algo mais rentável, como as ações negociadas na Bolsa de Valores brasileira, a B3. Com isso, esse período poderá ser marcado pela migração dos investidores para os ativos de renda variável. A política monetária expansiva traz ainda a possibilidade de um crescimento mais acelerado da economia interna, já que as empresas poderão buscar por créditos para, por exemplo, aumentarem seus negócios e, consequentemente, suas produções, trazendo melhores resultados financeiros às suas empresas.

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Flávio Fernandes, CEA